segunda-feira, 21 de junho de 2010

A arte de perder









A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia. 
Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente. 
A arte de perder não é nenhum mistério. 
Depois perca mais rápido, com mais critério: 
Lugares, nomes, a escala subseqüente da viagem não feita.
Nada disso é sério. 
Perdi o relógio de mamãe. 
Ah! E nem quero lembrar a perda de três casas excelentes. 
A arte de perder não é nenhum mistério. 
Perdi duas cidades lindas. 
E um império que era meu, dois rios, e mais um continente. 
Tenho saudade deles. 
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. 
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito
que pareça (escreve!) muito sério.
(Elisabeth Boshop)

2 comentários:

Flávia Lima disse...

A gente só perde o que se permite perder. O que é deveras importante sempre permanece, mesmo que precise ser camuflado, engavetado ou reprimido.
Bjs, Eli!

Dany disse...

Oiii;;
Muito bacana seu blog.. Adorei os textos..
Estou seguindo vc.
Bjsss

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