terça-feira, 8 de maio de 2018

Busca



Quando nos sentimos perdidos, a última coisa que desejamos é compromisso. O mínimo que seja, como precisar ter hora para acordar, uma rotina para cumprir ou cuidar de uma vida diretamente ligada aos nossos atos. A gente até se engana em achar que ter responsabilidade é um norte. Quando se afundar em obrigações vira rota de fuga como álcool, drogas, religião e paixões em demasia, o dano é o mesmo. O subterfúgio nos impede de enxergar para dentro e, assim, ver adiante. Ele é pai e filho do desequilíbrio.
Essa tomada de consciência nos faz questionar o que significa, de fato, viver a realidade ou na ilusão. E, no meio dessa auto interpelação, tentar descobrir onde finda a busca incessante por equilíbrio - ainda que fora do padrão de normatividade que nos rege culturalmente. Querer fazer o que se tem vontade muitas vezes implica em se sentir um estranho fora do ninho e arcar com esse ônus da estranheza pode ser cruel.  Parece coisa fácil agir de acordo com os nossos desejos, mas “decepcionar” as pessoas que nos são valorosas nos coloca quase sempre numa sinuca de bico. Arrisco a tacada ou não? Crescemos tão comprometidos com as entidades de classe, (família, escola, igreja trabalho, amigos), que tomamos o estilo de vida a que estamos inseridos como a fórmula eficaz de sermos felizes. Sobretudo na cultura ocidental, mais ainda na América Latina. Quando não nos encaixamos, iniciamos uma jornada de desconstrução ao que fomos programados. E é uma trajetória que já startamos fatigados física e emocionalmente, sobretudo porque aceitar que precisamos nos ressignificar requer o esgotamento e abandono das nossas fontes mais promissoras e acessíveis de felicidade. Mas é caminho sem volta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário