Nunca tive diário. Nem quando criança. Sempre achei uma ideia meio estúpida, sem sentido. Mas ontem, em meio a mais de 90 mil títulos de uma feira literária, achei um: pequeno, dourado, intrigante. Ele me propôs uma experiência nova. 365 perguntas; 1825 respostas. Uma para cada dia do ano, durante cinco movimentos de translação. Nem as seis horas extras anuais da Terra foram esquecidas. O diário tem o dia 29 de fevereiro que, pra mim, este ano, foi um divisor de águas. Pois bem, quando acabá-lo, estarei a quatro meses de completar 40 anos. Certamente terei respostas diferentes às mesmas perguntas. Como tenho tido ao longo desses 34 anos. Mas esses pedaços de folhas envelhecidas industrialmente e encadernadas me levarão a outra experiência. Melhor. A de dividi-la com alguém. Comecei a respondê-lo e o abandonarei em dois anos. Doarei, na verdade. E receberei daqui a quatro anos das mãos da pessoa que topou viver essa experiência comigo. Não sei como será. Se ele será mesmo preenchido ou negligenciado com o passar dos dias, dos anos. Mas o que sabemos sobre o amanhã? Talvez estejamos em lugares diferentes, como agora. Talvez em momentos diferentes de nossas vidas, como sempre. Talvez nem estejamos com vida. Talvez essa seja uma ideia tola...talvez! Sobre todas as perguntas que temos feito a nós no tempo em que nos conhecemos, respostas diferentes. Que foram caladas ou divididas. Esquecidas. Que amadureceram ou perderam o sentido. Porque a vida é assim, porque nós somos assim: mutantes.
terça-feira, 31 de maio de 2016
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