domingo, 18 de dezembro de 2011

Perto de Você

 Quando começar o frio dentro de nós
tudo em volta parece tão quieto
tudo em volta não parece perto
toda volta parece o mais certo
certo é estar perto sem estar
perto de você, perto de você


Quando o tempo não passar dentro de nós
cada hora é como uma semana
cada novo alô é mais bacana
cada carta que eu nunca recebo
é sempre um motivo pra lembrar
sou tão perto de você, certo de você


Vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão
longe, dita de tão longe, dita de tão longe...


Quando alguém se machuca dentro de nós
toda culpa parece resposta
nossa busca não parece nossa
nosso dia já não tem mais festa
não tem pressa nem onde chegar
sou tão perto de você, perto de você.


Quando a paz se anuncia dentro de nós
é porque aquilo que nos cega,
mostra o outro lado da moeda
que não paga as coisas do meu peito
o jeito é me fazer acreditar
sou tão perto de você, certo de você


Vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão
longe, dita de tão longe, dita de tão longe

quando a música acabar, dentro de nós...
(Fernando Anitelli)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Cuida de Mim


"Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo

Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou
Você, pra mim, mostrou

Que eu não sou sozinha nesse mundo
Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo..."

(Fernando Anitelli)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Intenso

Porta entreaberta
Fresta de possibilidade
Súbito contentamento
Prenúncio da felicidade
indisfarçável e
reprimida
Paúra da efemeridade

Brisa gélida da
dúvida, cortante
frustrante
dual.
Cambaleante

Retesa em olhos que
teimam em
fulgurar
além da retina,
além da derme,
do desejo.
Além da palavra.

sábado, 5 de novembro de 2011

Saudade de chumbo


"...Vai dizer que nossas preces não alcançaram o céu?
Coração, que ainda vem me perguntar o que aconteceu
Conta se seu rosto por acaso ainda tem o gosto meu...

Com duas conchas nas mãos,
Vem vestida de ouro e poeira
Falando de um jeito maneira
Da lua, da estrela e de um certo mal
Que agora acompanha teu dia
E pra minha poesia é o ponto final
É o ponto em que recomeço,
Recanto e despeço da magia que balança o mundo..."


(Fernando Anitelli)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mortificada

Sepultar é doloroso
Prosseguir, urgente!
Mas...
Arquear e retroagir
virou rotina rendida.
Torpor
Vício
Abstinência do próximo "tapa"
Masoquismo cotidiano
permissível em mim,
ressentida e insípida.
Necessidade de exorcismo
Precisão do tempo,
derradeiro
imutável
implacável

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Xeque-mate


Jogadora experiente e ardilosa, eu
me aceito
derrotada.

Amorfa
apática
impotente
cansada

Estava nítido
como o preto no branco,
o tabuleiro.
Ou branco no preto

Sem espaços pra enganos
ou súplica

Vitorioso,
ele debochava de mim
Inegável e majestoso,
O Amor.


"...The winner takes it all
The loser has to fall
It's simple and it's plain.
Why should I complain.
(...)
You must know I miss you
But what can I say?
Rules must be obeyed..."

(ABBA)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Manequim


Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá, não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

(As Vitrines_Chico Buarque)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Indelével

 *Minha tatoo antes de sair do papel pra pele

É como tatuagem
essa marca
em mim

Cicatriz superficial
perpetuada
Tinta entranhada na pele
Fuligem no poro

Traço e contorno
sem preenchimento
Borracha do tempo
incapaz
de apagá-la

domingo, 16 de outubro de 2011

Reciclável

Pelo tempo que for
Pela felicidade que durar ou
pela inteireza que faltar
viva!

Fechar ciclos, as vezes, é
dar oportunidade para que novos se abram.
E como a vida é relativa
também somos.

68 dias ou um ano
Dois ou a falta de um, que
faz falta.

Decisões furtivas
Dúvidas
Engodos
Certezas
...
Tudo somado, nos faz
nós, humanos.
E que bom!
Somos recicláveis.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Coleção

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior

E o que é que eu posso contra o encanto?
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo,
Procurar o desconsolo,
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras,
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado,
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão

Vou colecionar mais um soneto,
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração.

(Retrato em Branco e Preto_Tom Jobim)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Já não sei...

Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama

Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama

Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que Deus ela jura
Que tem coração
e quando o meu coração
Se inflama
(Fragmentos de Ela faz cinema – Chico Buarque)

sábado, 28 de maio de 2011

Se...

                                                                     O Beijo - Gustav Klimt
 
"Mas o pior não é não conseguir
É desistir de tentar
Não acredite no que eles dizem
Perceba o medo de amar

Eu cresci ouvindo anedotas, clichês e
chacotas
Frustrações
Sobre amasiar, se casar
Se entregar seria fraquejar
 (....)
E se o tempo levar você
E um dia eu te olhar e não te reconhecer
E se o romance se desconstruir
Perder o sentido
E eu me esquecer por aí
Mas nós somos um quadro de Klimt
"O Beijo" para sempre fagulhando em cores..."
(Vanessa da Mata)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Banho de chuva

Chego na sexta não com a mesma dor de segunda
nem o desespero da terça
A saudade de quarta apertou,
mas na quinta já não atou nó na garganta
Hoje é dia de chope e dadinho com os amigos negligenciados
De preferência, os do trabalho
Os que não sabem da minha dor
Dia de amenidades...
Deixo o balanço da semana para o sábado, afinal
Estarei de folga no fim de semana.
No domingo, bem
No domingo encherei de ar os meus pulmões e sentirei
novamente.
Estou mais viva do que nunca!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tormento

É como se a gente
Não soubesse
Pra que lado foi a vida
Porque tanta solidão
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão
Foi
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou
É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração
Foi
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Nem me avisou
Foi
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou
(Lenine/Dudu Falcão)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Depois


Lágrimas não são forever
Dores já não são together...

E foi.
Fiquei
Gosto de lágrima seca
como
terra árida que
em mim
planta
À espera de chuva
que regue
carregue
lave e
inunde
Outra vez

Só você não viu
ir embora
Mundo afora
o que um dia me partiu

...e os detalhes tão pequenos
de nós dois
ficaram pra depois.