domingo, 31 de outubro de 2010

Labéu


Desfaçatez de pele e sentimento
Cinismo do toque,
Vigília da impureza,
Mácula do gozo sem culpa e consolo.
Descaro do desejo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pelo sabor do gesto

Eu já toquei o amor
pelo sabor do gesto
Confesso que perdi,
me diz quantos se vão?
Paixões passam por mim,
amores que têm pressa
Vão se perder em si
(Alex Beaupain by Zélia Duncan)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Esboço

Ensaio do ocaso
em riste,
desapontado,
com a impossibilidade
do encontro.
Almas seminuas,
cúmplices,
de um tempo
que não virá.

domingo, 10 de outubro de 2010

Círios

"Enquanto a corda avança e o corpo se cansa pra alma descansar
O povo de Belém se reúne nas ruas e vira mar por onde a Virgem Maria veleja em seu altar de flores.
É por isso que, na alma de todo paraense, a vida é sempre outubro..."
Virgem que veleja (Pe. Fábio de Melo, scj)


Meu filho, vês aquela claridade?
É a cidade na escuridão
O barco singra as águas
E pulsa feito um coração
Cheio de alegrias, bálsamo, bênção
O Círio de Nazaré tu verás
Serás menino
Algo para não esquecer
Pra colar no seu caminho
Feito o som de uma viola
Que te fez chorar baixinho
Quando vires a Senhora
Ficarás pequenininho

Diante do mistério que há
Nessa nossa vida humana
Vais crescer mais que o rio-mar
Vais voar mais que as semanas
Vais sorrir pro revelado
Fruto da emoção na boca
De que tudo é amarrado
E o mundo é um, é oca

Menino, acorda e vem olhar
Que o sol não tarda em levantar
Vem ver Belém que começa a festejar
Outros outubros tu verás
E outubros guardam histórias
Ver o peso quando for a hora.

Quem mora ou nasceu em Belém, conhece a importância deste dia, deste mês. Este ano, mais um vez, dois milhões de pessoas foram às ruas professar sua fé. A mim, belenense e católica, hoje é o melhor dia do ano. Isso não tem nada a ver com religião ou credos, mas com a energia que invade as pessoas e varre esta cidade de ponta a ponta. Quem é daqui sabe exatamente do que falo. Viva a Nazica!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sopro


Brisa que toca uma nova estação
É primavera,
em mim.
Branda, fresca, leve...
Delicada.